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Em plena recessão econômica, Avianca tem melhor fase de sua história


Sab 12/8/2017 - A menor entre as quatro principais companhias aéreas brasileiras faz de 2017, em plena recessão econômica, a melhor fase de sua história. Além de enxergar no horizonte o primeiro lucro em 15 anos de operação, define um plano de voo para sua estratégia internacional e a integração com a colombiana Avianca Holdings

Apesar da grave crise na economia brasileira, 2017 caminha para ser o melhor dos 15 anos de história da Avianca Brasil, que faturou R$ 2,9 bilhões no ano passado, mas registrou prejuízo líquido de R$ 71,4 milhões. Desde 2002, quando começou a operar, a Avianca só ficou no vermelho, em razão dos altos custos operacionais e investimentos na formação da frota.

Para este ano, com aquisição de nove aviões, o presidente e fundador José Efromovich garante que a companhia registrará seu inédito lucro, embora não se arrisque em cravar uma cifra. “Não tenho nenhuma dúvida de que registraremos nosso primeiro lucro neste ano, mesmo que seja pequeno”, garantiu. “O importante é a mudança de rota, com lucro no lugar de prejuízo e crescimento no lugar de reestruturação.” Além de Santiago, a Avianca começou no mês passado a voar diariamente para Miami. Em dezembro irá estrear sua rota para Nova York. “Uma empresa como a Avianca, com custos e receitas bem alinhados, pode facilmente alcançar um lucro de R$ 5 milhões a, R$ 10 milhões ou R$ 40 milhões. Tudo dependerá da economia neste ano”, diz Alexandre Pereira, especialista em aviação.


O primeiro lucro da história da Avianca Brasil abrirá caminho para a aguardada fusão de suas operações com a colombiana Avianca, que pertence ao grupo Synergy, que atua em petróleo, energia e construção civil e é controlado pelo irmão de José, Gérman Efromovich. Apesar de terem o mesmo nome, as duas empresas funcionam completamente separadas. “Há dezenas de cidades servidas por uma única companhia, há centenas que não são servidas por nenhuma. Então, quanto mais aviões no País, melhor”, diz Respício do Espírito Santo, especialista em aviação na UFRJ. Com a união, a nova Avianca terá uma frota de mais de 230 aviões. Atualmente, a Avianca Brasil mantém 240 voo diários em 27 cidades brasileiras. A fusão ainda não aconteceu, segundo José Efromovich, porque a operação brasileira era deficitária, enquanto a colombiana super rentável.



“Agora que as duas empresas estão no azul, a união é um bom negócio. Basta apenas que os conselhos de administração aprovem esse casamento, o que espero que acorra ainda neste ano”, diz ele, sem revelar qualquer número. Os ventos a favor da Avianca Brasil não sopraram na mesma direção para as suas concorrentes. No ano passado, segundo a Agência Nacional da Aviação Civil, houve uma queda de 8 milhões de passageiros transportados, com a retirada de circulação de 50 aviões. No mesmo período, a Avianca transportou 9,4 milhões de pessoas e cresceu 15%, com uma frota de 50 aeronaves. Em 2016, a Latam, a Gol, a Azul e a Avianca, que respondem por 99% dos céus brasileiros, tiveram, juntas, perdas de R$ 1,6 bilhão.

O empresário concedeu entrevista à DINHEIRO, em Santiago, no Chile, após estrear a rota, na semana passada. A seguir, os principais trechos da conversa:

O sr. prevê o primeiro lucro da empresa neste ano. Essa previsão está baseada em quê?
Por questões estratégias, não posso revelar detalhes dos nossos resultados neste ano. Mas minha certeza de que teremos nosso primeiro lucro em 15 anos vem dos resultados obtidos até agora. Os nossos concorrentes reduziram a oferta de voos, se ajustando à queda na demanda desde o ano passado. Na contramão, aumentamos nossa oferta de rotas e ampliamos nossa frota para 50 aviões. Com isso, passamos de 13% de participação de mercado e crescemos uns 15%. É por isso que vamos chegar ao lucro.

E se o ambiente econômico piorar?
Acredito que as coisas devem começar a melhorar, em vez de piorar. O Brasil é muito rico e muito grande. Somos competentes o suficiente para recuperar o crescimento. A política tem que estar estabilizada para o ritmo econômico voltar a acelerar. Quando eu falo em política, não estou falando se Michel Temer sai ou se fica. O importante é ter uma política estável. O Brasil precisa voltar a ser previsível. Não importa se é com Michel ou com João.

João Doria?
Não. João qualquer. Um nome fictício.

Alguns operadores aeroportuários já cogitam devolver terminais, como o de Viracopos, em Campinas. Isso não é sinal de problema para a aviação comercial no futuro?

As empresas, quando entraram na licitação, tinham uma estimativa que não se concretizou. As projeções foram sacrificadas. As novas concessões, a partir de agora, já devem prever a situação atual, de demanda mais baixa.

Mas sem investimentos em aeroportos não há como crescer…

O problema de infraestrutura não é uma novidade. É um problema real no Brasil, há muito tempo. Cinquenta anos atrás haviam mais aeroportos em operação no País do que temos hoje. Naquela época, os aviões que operavam no Brasil, como o DC-3, não demandavam muita estrutura de aeroporto. Os aviões modernos demandam uma infraestrutura e tecnologia muito mais aprimoradas. Um asfalto especial, um sistema de controle diferenciado. Isso tem que ser feito. O Brasil ainda demanda investimento muito grande em aeroportos. Tem que acontecer.

A aviação regional é prioridade para a Avianca?
A aviação regional não é prioridade, mas está no nosso radar. Já voamos para Chapecó e Ilhéus. Não são capitais. Há muito espaço para crescer regionalmente, mas o País precisa ter um projeto de aviação regional mais bem pensado.

Abrir mais espaço para a entrada de estrangeiros não seria uma saída?
Tanto faz se é capital brasileiro ou estrangeiro. Se a política continuar causando incerteza, os negócios não vão acontecer. A indústria aérea vem investindo, independentemente da crise, o problema está na política. Não falta dinheiro. As medidas que o governo vem adotando são boas, mas insuficientes para fazer o Brasil voltar a crescer. Antes de consertar a economia, precisa consertar a política.

Se houvesse mais concorrência, não haveria mais investimentos?
Não. O Brasil tem concorrentes suficientes para o tamanho do mercado. Quantas companhias áreas existem na Alemanha? Quantas há na Inglaterra? Quantas na Itália? Acho que só perdemos para os Estados Unidos, que é um mercado gigantesco.

Fonte: Istoe Dinheiro

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