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Piloto revela que já fez corrida com outro avião durante voo comercial


Você já se perguntou se pilotos de avião apostam corridas entre si? A hipótese soa quase absurda, considerando o profissionalismo e as normas de segurança da área. Mas, como revelou um piloto norte-americano na rede social de perguntas e respostas Quora, pode acontecer.

Segundo o piloto Tim Sanders, que mantém um perfil no site Quora para responder questões sobre aviação, corridas entre aviões comerciais são raras, mas podem ocorrer dadas as oportunidades certas - como ele mesmo vivenciou em 1991. Questionado no Quora, ele publicou um texto no site do jornal Independent.

Na época, Sanders pilotava um Boeing 747 que partia do Aeroporto Internacional de Narita, no Japão, para a cidade de Anchorage, no Alasca. "Essas são longas noites de voo que chegam em Anchorage por volta das 5h30. No meio da noite, sem muito o que fazer para se manter ocupado, além de constantemente checar a navegação cruzada, fica um pouco tedioso", relembrou.

Tim Sanders relatou sua "corrida no ar"

Foi em meio a esse marasmo da madrugada que o piloto fez uma descoberta interessante. A cada informe de posicionamento feito pelo seu avião, um outro avião, um MD-11 da companhia de correspondência Fedex, informava a mesma posição, apenas com um minuto de atraso. A aeronave, entretanto, viajava 4 mil pés acima de Sanders e seus colegas.

A distância entre os dois aviões era de aproximadamente 8 km, mas conforme eles se aproximaram de seu destino, isso mudou. "Duas horas antes de Anchorage, eu notei o avião, no meu radar, se aproximando de nós. Quando ele ficou exatamente sobre o nosso, num piscar de olhos, eu elevei a potência e aumentei nossa velocidade de mach .84 para mach .85 (algo como um aumento de 1.030 km/h para 1.040 km/h)", contou Sanders.

O piloto admite que sentiu uma certa satisfação ao ver o outro avião voltar a ficar para trás, mas logo a emoção voltou. O avião da FedEx ganhou velocidade novamente, aproximando-se mais uma vez de Sanders. De novo, quando chegou sobre a aeronave do piloto, Sanders elevou a potência para mach .86 (cerca de 1.050 km/h), mantendo-se na dianteira.

"Eu estava curtindo o meu jogo, como quando você pendura um novelo em frente a um gato e deixa ele ficar batendo, só para tirar dele e frustrá-lo", brincou Sanders. Mas ele não esperava por uma boa jogada do seu colega da FedEx.

Depois de mais um embate de velocidade, no qual Sanders teve de elevar a velocidade de seu Boeing mais uma vez, o avião da FedEx pediu uma liberação direta para pouso em Anchorage, o que o permitiu quebrar a rota de voo previamente designada e ter espaço para começar a descer. "Bela jogada", disse Sanders. "Mas eu também tinha uma carta na manga".

Ele, então, pediu permissão para descer o nível do voo, o que permitiria que aumentasse ainda mais a sua velocidade, atingindo a chamada Barber Pole (velocidade máxima em segurança de uma aeronave). Mais do que isso, ao invés de pedir autorização para um pouso direto em Anchorage, Sanders pediu para acessar um destino que cruzasse caminho com a rota que o avião da FeDex teria de fazer para concluir seu pouso direto. "Como um jogo de xadrez, eu tinha eles no xeque", brincou.

No final das contas, o avião de Sanders conseguiu vencer esse embate nos ares, chegando ao seu destino com quase 5 km de distância para o seu rival. Ainda assim, havia uma última batalha a ser travada: "Quando pousamos, viramos na pista mais próxima para taxiar. Tanto a gente quanto o avião da FeDex foram mandados para locais próximos, então a corrida final estava valendo", narrou.

O avião da FedEx tinha vantagem, já que conseguiria frear mais rápido, virando em uma pista secundária antes do avião de Sanders. Ainda assim, por muito pouco, o piloto riu por último mais uma vez, chegando na frente e parando próximo à outra aeronave para um cumprimento final.

"Mandei um aceno amigável, o capitão da FedEx devolveu... mas com um só dedo esticado. Acabamos com nosso planejamento de combustível para os voos, mas a satisfação prevaleceu", concluiu o piloto.

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