Parlamentares pretendem visitar o opositor venezuelano Leopoldo López, encarcerado na prisão militar de Ramo Verde há mais de um ano
16 jun 2015
11h11
atualizado às 14h48
Senadores brasileiros acusaram o governo da Venezuela de não autorizar a
aterrissagem de uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) que os
levaria na quinta-feira a Caracas para conhecerem de perto a situação
política no país, confirmaram fontes parlamentares nesta terça-feira.
Mesmo assim, fontes ligadas ao grupo de senadores que pretende viajar a
Caracas disseram à Efe que, em última instância, o próprio Senado
fretará um avião, e afirmaram que a viagem continua programada para esta
quinta-feira.
Eles pretendem visitar o opositor Leopoldo López, que está encarcerado na prisão militar de Ramo Verde.
O senador Ronaldo Caiado, do DEM, estava indignado com a falta de
autorização para o voo da FAB e solicitou "uma moção de repúdio pedindo a
exclusão da Venezuela do Mercosul e rompendo todos os acordos
legislativos do Brasil com esse país".
Apesar da denúncia dos senadores, o ministro da Defesa, Jaques Wagner,
negou que a Venezuela tenha tomado uma decisão sobre a aterrissagem, mas
admitiu que ainda não há resposta e que o governo do presidente Nicolás
Maduro "não tem o menor interesse" na visita dos parlamentares.
"A Venezuela ainda não respondeu. Qualquer voo da FAB precisa de
autorização para aterrissar em outro país. Estou esperando a resposta
conforme o acordo entre os países, mas evidentemente é de se imaginar
que a Venezuela não tenha o menor interesse nessa visita", sustentou o
ministro.
A missão parlamentar será liderada pelo ex-candidato e senador Aécio
Neves (PSDB) e tem como objetivo checar a situação política no país e
visitar alguns dos opositores presos, entre eles Leopoldo López, que
está em greve de fome desde 24 de maio.
De acordo com Aécio, a viagem dos parlamentares busca pressionar o
governo de Maduro para que solte os opositores e fixe uma data para a
realização de eleições legislativas, previstas para este ano.
"Quando se fala de democracia e de liberdade não se têm porque
respeitar as fronteiras. Vamos, portanto, um grupo integrado por vários
partidos, de forma absolutamente respeitosa", comentou Aécio.
Segundo senador também haverá parlamentares da base governista.
"Não há mais espaço para os presos políticos, nem em nossa região nem
em qualquer outra parte do mundo. Queremos compensar a gravíssima
omissão do governo brasileiro", sublinhou Aécio, que negou que a missão
signifique uma "intromissão" em assuntos internos da Venezuela.
"O tempo do autoritarismo na região já acabou", acrescentou.
Em maio o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira,
afirmou que o governo de Rousseff está buscando "incansavelmente" uma
solução para a crise política na Venezuela e que pediu às autoridades
eleitorais venezuelanas que fixem uma data para as eleições
parlamentares.
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