Diariamente, cerca de 250 000 pessoas circulam pelos três terminais do Aeroporto Internacional de Guarulhos. Mais de 2 000 câmeras monitoram sem intervalo o movimento desse público — maior que a população de algumas cidades do interior, como Araraquara e São Carlos.
Em grande parte do tempo, a equipe do Centro de Controle Operacional fica de olho em situações corriqueiras, a exemplo de despedidas emocionadas de viajantes ou da espera pelas malas, após o voo, de passageiros entediados. Vez ou outra, porém, o clima esquenta e surgem cenas dignas de enredos cinematográficos.
Com estreia prevista para o dia 29, no canal a cabo Discovery, a série Aeroporto: Área Restrita mostra os bastidores do lugar. Os doze episódios, gravados entre julho e novembro de 2016, compilam curiosidades da operação geral e dos mecanismos de segurança. Foram cerca de 300 horas de gravações.
O crime mais cometido no pedaço é, de longe, o tráfico de drogas. Em 2016, a Polícia Federal realizou 262 flagrantes desse tipo de delito. Nesse período, a apreensão de cocaína, o principal entorpecente por ali, bateu recorde. Foram 2 toneladas recolhidas. O problema continua enorme.
Em 2017, até a semana passada, a conta já somava 820 quilos. O número vem crescendo desde 2012, quando a marca de 1 tonelada, pela primeira vez, foi registrada. No ano seguinte, o espaço acabou sendo privatizado e a administração, que estava nas mãos da Infraero, tornou-se responsabilidade do consórcio Invepar, formado por duas empresas sul-africanas de investimentos, que reforçaram a vigilância.
No primeiro episódio do programa, por exemplo, o grupo de filmagens exibe a prisão de um francês que carregava 5 quilos do pó em uma caixa de som. Em outra gravação, vê-se uma brasileira detida com aproximadamente 300 cápsulas da substância coladas com fitas no corpo.
Ajuda a inflar as estatísticas o fato de Cumbica ser o campeão em número de conexões entre os aeroportos da América Latina. Em volume de passageiros, ocupa o segundo lugar do ranking. Perde apenas para o Benito Juárez, na Cidade do México. Traz a rota ideal para o tráfico da cocaína produzida na Colômbia e na Venezuela em direção à Europa.
Desse último continente, costumam desembarcar por aqui drogas sintéticas, entre elas ecstasy e GBL. Todo o material recolhido é encaminhado para incineração. “Tomamos cuidado para não revelar nas gravações informações sigilosas, o que poria em risco os agentes envolvidos”, afirma o policial federal Evodio Filho, incumbido da operação de transporte de entorpecentes.
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