Fabiana Uchinaka
Do UOL Notícias
Em São PauloDepartamentos em estado de exceção
A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado aprovou nesta quinta-feira (30), por unanimidade, a doação de três aviões militares para a força aérea do Paraguai. São naves usadas, do modelo Tucano da Embraer.
Segundo o senador Romeu Tuma (PTB-SP), relator da proposta, o pedido veio do governo federal e deve passar pelos plenários do Senado e da Câmara. “Em contrapartida, o Paraguai vai doar dois aviões antigos, que o Brasil vai desmontar e usar as peças”, explicou.
A iniciativa da doação acontece em um momento de crise no país vizinho, onde cinco departamentos vivem desde sábado (24) sob estado de exceção depois que pelo menos quatro pessoas foram mortas em uma fazenda do distrito de Horqueta (Concepción), na fronteira com o Brasil. O governo paraguaio atribui os crimes ao autodenominado Exército do Povo Paraguaio (EPP), uma organização de esquerda e que opera nas florestas do norte do país.
Nesta semana, quatro brasileiros foram presos na capital do departamento de Amambay, Pedro Juan Caballero, que faz fronteira com Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, acusados de envolvimento no atentado contra o senador paraguaio Robert Acevedo.
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“É importante ajudar o Paraguai neste momento”, disse Tuma, ressaltando que a doação faz parte de uma cooperação militar. “O Paraguai se tornou um grande produtor de maconha e o Brasil se transformou em um grande depósito da droga vinda de lá. Então, tem de haver uma parceria forte entre os governos”.
Segundo dados da Polícia Federal, 90% da maconha produzida no país vizinho tendo como destino o Brasil.
“Sempre foi difícil combater o tráfico de drogas, de carro, de cigarro e os crimes na região. Sabemos que Ponta Porã é uma porta de entrada para essas coisas no Brasil. Mas precisar ser recíproco, precisa acompanhar dos dois lados”, completou o senador.
Tuma deve visitar o senador Acevedo nos próximos dias. Ele contou ao UOL Notícias que vai apurar qual é o envolvimento dos brasileiros na tentativa de assassinar o político paraguaio e na criminalidade local. A imprensa local afirma que os brasileiros pertencem à facção criminosa paulista PCC (Primeiro Comanda da Capital), que há dez anos se instalou também do outro lado da fronteira.
Além disso, Tuma pretende tratar sobre a questão dos chamados “brasiguaios”, agricultores brasileiros que moram no Paraguai, em zonas próximas às fronteiras, que vem sofrendo ataques nacionalistas e xenófobos por parte dos paraguaios.
“Nós anistiamos milhares de paraguaios e bolivianos, com a Lei da Anistia. Agora queremos uma colaboração do lado de lá. Queremos uma contrapartida. Essas pessoas movem a economia do Paraguai”, afirmou o senador.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também visita o Paraguai no próximo dia 3. Em reunião com o presidente paraguaio Fernando Lugo, ele deve tratar da segurança na fronteira entre os dois países e da construção de uma linha de transmissão de energia que liga a hidrelétrica binacional de Itaipú às proximidades da capital paraguaia, Assunção
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