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FAB intercepta voo da Trip e obriga piloto a fazer manobra arriscada

DE SÃO PAULO - Um avião da Trip com 30 passageiros foi interceptado pela FAB (Força Aérea Brasileira) quando chegava ao aeroporto de Tabatinga (1.107 km de Manaus), no domingo.

A interceptação é um procedimento legal, mas a Folha teve acesso a uma troca de e-mails em que pilotos dizem que a forma como ela ocorreu pôs em risco a segurança de voo e poderia ter causado uma colisão entre as aeronaves.

Os comandantes relataram que o pouso já havia sido autorizado quando o controle aéreo avisou que havia outra aeronave na direção deles.

Como o avião da FAB não respondeu às tentativas de contato, a tripulação da Trip não entendeu que se tratava de uma interceptação.

O tucano militar se aproximou da aeronave da Trip, ainda segundo os relatos, o que obrigou os pilotos a fazer manobras para impedir a colisão.

Segundo a FAB, a interceptação foi regular já que o avião ingressou em área restrita sem autorização. A Trip informou que os pilotos fizeram contato com o centro de controle. A Trip afirma que comunicou o fato à Anac e à Aeronáutica.

FOLHA DE SAO PAULO

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Um avião da Trip com 30 passageiros foi interceptado pela FAB (Força Aérea Brasileira) quando chegava ao Aeroporto de Tabatinga (1.107 km de Manaus), no domingo. A interceptação é um procedimento legal, mas a Folha teve acesso a uma troca de e-mails em que pilotos dizem que a forma como ela ocorreu pôs em risco a segurança de voo e poderia ter causado uma colisão entre as aeronaves.
Os comandantes relataram que o pouso já havia sido autorizado quando o controle aéreo avisou que havia outra aeronave na direção deles.Como o avião da FAB não respondeu às tentativas de contato, a tripulação da Trip não entendeu que se tratava de uma interceptação.
O tucano militar se aproximou da aeronave da Trip, ainda segundo os relatos, o que obrigou os pilotos a fazer manobras para impedir a colisão.
Segundo a FAB, a interceptação foi regular já que o avião ingressou em área restrita sem autorização. A Trip informou que os pilotos fizeram contato com o centro de controle. A Trip afirma que comunicou o fato à Anac e à Aeronáutica.
FONTE: Estadão
Conteúdo dos e-mails citados na notícia:

Os nomes dos envolvidos foram omitidos.
Manaus, 8 de agosto de 2011

Senhores, permitam-me relatar um incidente grave ocorrido no vôo Trip 5524 do dia 7 de agosto de 2011 após nossa ACFT ATR 42-500 PR-TKD com 30 pessoas a bordo ter sido “interceptada” por uma aeronave da FAB (Tucano) nas proximidades de Tabatinga (SBTT).
Surpreendo-me pela decisao do Cel … emitir, via telefone, do seu gabinete em Brasilia para o seu subalterno cap …, comandante da operação militar em Tabatinga (que também atendia pelo nome ficticio de Victor) a ordem de interceptar uma aeronave de linha aerea ( RBH-121) com o plano repetitivo, que há vários anos efetua essa rota.
Senhores, minha indignaçao não foi por ter sido interceptado, o que é previsto pelas leis aeronáuticas do nosso país e também internacionais com a particularidade de cada bandeira, mas sim a forma com que essa interceptação foi realizada, causando vários resolutions e consequentemente, manobras evasivas para evitar colisão em pleno vôo, causando grande desconforto e estresse para a tripulação e passageiros, colocando em risco a segurança do vôo, com agravante de nosso alvo no TCAS ser uma aeronave “desconhecida” que não atendia as nossas inúmeras tentativas de comunicação na frequência 121.50.
Nosso vôo seguia normal de São Paulo de Olivença (SDCH) para Tabatinga (SBTT) e estávamos em contato bilateral com o controle Amazonas de Leticia na frequência 119.10. , o qual é responsável por aquele CTR.
O CTR Amazonas já havia autorizado nossa descida e aproximação para pouso visual em Tabatinga, quando aquele controle nos informou que uma aeronave tinha decolado de Tabatinga sem contato via rádio e que estava se afastando na radial 060 em subida cruzando o nível 040, ao percebermos que a tragetória da acft “desconhecida” era conflitante, resolvemos manter o nível 085 para reiniciar nossa descida somente após superarmos o tráfego “desconhecido”.
Nosso alerta situacional elevou-se consideravelmente pelo temor de uma possível colisão em vôo, quando o alvo apareceu em nosso TCAS vindo em nossa direção e atingindo o mesmo nível.
Após alguns segundos o sistema do TCAS nos advertiu em relação ao tráfego e na sequência causou um traffic resolution, obrigando-me a desacoplar o PA e efetuar uma manobra evasiva para evitar uma colisão. Após a primeira manobra, outras tantas tornaram a acontecer, creio que umas seis em um tempo de aproximadamente cinco longos minutos, obrigando-me a cumprir a resolução do TCAS comforme instruído e treinado em simulador para evitar uma possível colisão em vôo, enquanto o cmte …, sentado ao meu lado direito, na condição de PNF tentava incessantemente o contato com a aeronave em 121.50 sem resposta.
Tentamos também no VHF1 nas frequências do controle AM 119.10 e frequência livre 123.45 enquanto o VHF2 ficou sintonizado ininterruptamente em 121.50 numa forma desesperada de fazer contato com a acft “desconhecida”.
O que deveria ser uma interceptação, tornou-se uma verdadeira perseguição aérea, de uma aeronave com o Transponder ligado e sem fazer nenhum tipo de comunicação, nos obrigando a subir e descer, variando até 4.000 pés para cima e para baixo até finalmente o centro amazônico ouvir e responder nossas chamadas em 121.50 o qual intermediou com a operação militar que poderia ser batizada de “fogo amigo em aeronave de linha aérea indefesa”.
Depois de longos e estressante 17 minutos, a aeronave desconhecida resolveu se comunicar em 121.50 mantendo-se a poucos metros a minha esquerda com um grande adesivo fixado no seu canopi em negrito com o fundo branco escrito 121.50 e orientando-me a manter a proa, porém após inúmeras manobras, a proa que nosso interceptador pedia para manter-mos conflitava com uma formação meteorológica pesada (CB). Questionamos a possibilidade de mudarmos nossa proa, apelando para o bom senso de nosso interceptador, haja vista que naquele momento estávamos nos afastando 180 graus de nosso destino.
Mas o interceptador da FAB foi irredutível e só repetia a frase “Mantenha a proa, mantenha a proa. “, como se ja nao bastasse todo o estresse anterior. Até que finalmente quando faltava umas três milhas para atingirmos o CB, ele nos instruiu para voltar para Tabatinga e efetuar o pouso.
Após o pouso e corte dos motores, fomos diretos à sala AIS, para pedirmos satisfações sobre o absurdo que acabara de ocorrer. Fomos recebidos pelo cap Beviláqua, comandante da operação militar de Tabatinga, o qual nos recebeu de maneira muito hostil, E informou que estava cumprindo ordem do Cel .. de Brasília e que aquele precedimento de interceptação por ter várias fases é previsto que não haja contato inicial em 121.50.
Durante minha conversa e questionamento com o cap …, o que mais me deixou surpreso foi o seu desconhecimento quanto ao funcionamento do TCAS na íntegra, o que fica até como sugestão em nome da segurança de vôo, para que nossos colegas interceptadores da FAB sejam convidados a acompanhar algumas sessões no simulador da nossa empresa, na condição de observadores, para que tenham ciência do funcionamento de um Traffic Resolution, e consequentemente suas respectivas manobras evasivas, efetuadas por conta desse sistema.
Senhores, minha carreira na aviação comercial sempre foi pautada em uma doutrina rígida no que diz respeito a segurança de vôo. Entretanto, na minha concepção, é inadmissível uma aeronave da força aérea do nosso país, que ao invés de nos proteger, provoca um grande desconforto, colocando em risco a segurança do vôo, bem como a vida de 30 pessoas que estavam em nossa aeronave, nos incerceptando a revelia sem comunicação inicial e com o transponder ligado.
Acreditanto em Deus e na certeza de que providências cabíveis serão tomadas para com os responsáveis por essa operação. Agradeço penhoradamente pela atenção dos senhores, bem como a apreciação dos fatos acima relatados. Coloco-me a inteira disposição para maiores esclarecimentos.
—-
Assunto: Ocorrência em voo-Interceptação
Prezados Senhores,
Prezados Senhores,
Boa Tarde!
Gostaria de relatar fato ocorrido durante o voo 5524 com a aeronave ATR 42-500 /PR-TKD na etapa SDCG/SBTT no dia 07/08/2011, nesse voo eu realizava a avaliação final de treinamento do Cmte … onde o mesmo ocupava o assento da esquerda da aeronave executando função de “PF”‘ e eu na direita como “PNF”‘, o voo transcorria normalmente desde a decolagem onde efetuamos a coordenação na frequência livre até o contato com o CONTROLE AMAZONAS/APP-LETÍCIA, a aproximadamente 60 NM conseguimos contato e efetuamos um plano AFIL junto aquele órgão de controle e recebemos autorização para ingresso na CTR/AMAZONAS.
Estávamos nivelados no FL 125, quando solicitamos descida para o pouso em SBTT , que operava em condições visuais onde fomos autorizados a descer até a altitude de tráfego daquele aeródromo , quando passávamos o FL 105 fomos informados pelo controle Letícia da existência de um tráfego em sentido contrário e que manteria o RDL 060 a mesma que estáva-mos e que o mesmo estava em subida e que o tráfego era uma aeronave da FAB , ao indagar a posição atual do tráfego ao controle o mesmo reportou que estaria subindo para o FL 075, O cmte … e eu decidimos parar nossa descida no FL 085 até o cruzamento com o referido tráfego, acontece que o mesmo não parou sua subida no FL reportado anteriormente, e com o mesmo vindo em nossa direção indaguei novamente ao controle Letícia sobre o tráfego e como pudemos acompanhar o órgão de controle efetuou várias chamadas a aeronave da FAB, que simplesmente não respondia as chamadas do controle !
Essa aeronave continuou sua subida em nossa direção e em poucos instantes tivemos alerta de tráfego no TCAS e em seguida RESOLUTION onde obedecemos e efetuamos manobra evasiva TCAS para evitar tráfego, a surpresa é que a aeronave que além de não se identificar nem efetuar nenhum contato com o controle Letícia ou com nossa aeronave , permanecia voando muito próximo a nós e realizando diversas aproximações que resultavam em novas e simultâneas manobras evasivas ordenados por nosso TCAS, pois a aeronave se posicionou 100 FT abaixo da nossa aeronave e quando efetuavamos a manobra evasiva subindo a uma razão extremamente grande para os padrões das nossas operações, observamos que a mesma seguia nossa aeronave subindo junto e mantendo-se imediatamente abaixo da mesma, com isso o TCAS permanecia constantemente ordenando novas manobras,tivemos inúmeros RESOLUTIONS! após cumprir manobra TCAS e tentar voltar ao FL085, percebemos que a aeronave se posicionara imediatamente abaixo da nossa aeronave não nos permitindo descer ,em nenhum momento dessa perseguição aérea sabiamos do que se tratava,muito menos que era uma interceptação pois os procedimentos aplicados nem de longe conferem com o que somos orientados a proceder em caso de “INTERCEPTAÇÃO’.
O mais absurdo é que estávamos com nosso VHF 2 em 121.50 e mesmo após várias chamadas sem sucesso, que nos respondeu foi o ACC/ AMAZÔNICO, e que ao ser indagado respondeu desconhecer tal operação más que tentaria contato com a aeronave da FAB,depois do contato com ACC e várias tentativas de contato com a aeronave da FAB e também com a RÁDIO TABATINGA e com o APP/LETÍCIA, foi que a aeronave se posicionou lateralmente a nossa e mostrou uma placa para selecionarmos 121.50, procedimento que eu,e acho que a maioria dos aviadores reconhecem como o padrão em caso de interceptação de aeronaves, Completamente diferente do que estavam fazendo e nos obrigando a fazer, após o contato com a mesmo fomos informados que estávamos sendo interceptados e que deveríamos manter a nossa proa, proa essa que nos levaria direto ao encontro de uma formação meteorológica pesadíssima, contestei a ordem e informei o motivo , e o mesmo me pedia para manter a presente proa,até que o” INTERCEPTADOR’ nos permitiu aproximar e pousar em Tabatinga.
Após o pouso eu e o cmte … nos dirigimos até a sala AIS em Tabatinga informações ou alguém responsável pela operação,quem nos atendeu inicialmente e de maneira não muito amistosa foi o Capitão … , que afirmava categóricamente que cumpria ordens diretas de Brasília e que poderiamos contestar, más para eles esse era o procedimento correto e que eles não tinha que se comunicar com a aeronave interceptada só se quisessem, e que esse era o procedimento que eles utilizavam e que utilizariam em novo caso , contestei se o mesmo sabia que esse procedimento conflitava com nosso equipamento TCAS, e se ele sabia do que se tratava e como funcionava um TCAS,concluí dizendo que esse procedimento colocara nossa aeronave em risco por não sabermos do que, ou de quem se tratava e que se deixassemos de obedecer as orientações do equipamento poderiamos ter uma colisão, o que ficou evidente foi sua ignorância sobre o assunto e que na sua opinião a única atitude correta era a que eles haviam tomado, ordenando que seu “INTERCEPTADOR” cumprisse . mesmo diante do exposto por nós, o mesmo não deu muita importância nas possíveis consequencias de suas ações.
O mesmo me colocou em uma ligação com um Coronel que se disse ser o chefe a defesa aérea e quem ordenara a operação de interceptação, o mesmo disse que esse procedimento é o padrão da FAB, e que eles fazem e continuarão a fazer, e que pasmem senhores; essa medida foi tomada pois entenderam como uma possível ameaça!!! segundo ele “NINGUÉM’” tinha qualquer informação sobre o nosso voo, que ninguém sabia de voo nenhum de nossa empresa vindo daquela localidade naquele horário, indaguei ao mesmo se ele havia feito contato com o APP/Letícia ou com a Rádio Tabatinga , e o mesmo me respondeu que acionou uma aeronave para fazer a interceptação da nossa e que na realidade não checou as informações com os referidos órgão , por que NINGUÉM sabia do nosso voo naquela tarde, apenas informei ao mesmo que esse voo tem plano repetitivo e que é realizado a mais de 6 anos todas as quartas e domingos, que me preocupava muito em saber que nossa defesa aérea e ninguém sabia da nossa operação e que resultou em toda essa tensão ao tripulantes e desconforto e apreensão aos 30 passageiros que ficaram extremamente assustados.
Toda essa operação que ao meu ver e de muitos aviadores foi no mínimo mau planejada, os responsáveis por nossa “DEFESA AÉREA” sequer buscam informações antes ordenarem que uma aeronave decole para interceptar uma outra aeronave de linha aérea regular com plano de voo e que sequer estabelece contato com a mesma e que se demore quase 20 minutos para identificar uma aeronave com padrão de pintura da nossa empresa e com o seu registro pintado em letras garrafais antes de obrigá-la a efetuar inúmeras manobras perigosas para esquivar-se de uma quase colisão em voo , com um “INTERCEPTADOR” que sabe-se que sua experiência não é lá das mais vastas porém sua empolgação não se tem medidas,e que sabemos são ingredientes para um resultado nada desejável.
Ciente da gravidade do acontecido e preocupado em primeiro lugar com a segurança nas nossas operações, coloco-me a disposição para maiores esclarecimentos.
Desde já agradeço a atenção dispensada.
Cmte …

Fonte: Folha de São Paulo
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