O agronegócio é um dos grandes clientes dos fabricantes de aeronaves no país. De acordo com dados divulgados pela Abag (Associação Brasileira de Aviação Geral), o setor foi um dos principais responsáveis pelo crescimento de 14% nas vendas de jatos executivos, turboélices e helicópteros no mercado nacional, entre 2011 e 2012.
No ano passado, empresários ligados a usinas e frigoríficos, assim como grandes produtores de grãos e gado, compraram cerca de 70% dos 35 turboélices vendidos pela Líder Aviação, que representa no país a fabricante americana Beechcraft.
"A agricultura é a mola propulsora da economia brasileira, e temos bons resultados com negócios envolvendo empresários do campo", afirma Philipe Figueiredo, diretor de vendas da Líder.
O carro-chefe da empresa é a linha King Air, que responde por 50% das vendas. O modelo King Air 250, por exemplo, que pode levar até nove passageiros a uma velocidade de até 574 km/h, sai por US$ 6,055 milhões (cerca de R$ 14,5 milhões), sem impostos.
Figueiredo destaca a capacidade do 250 de pousar em pistas sem pavimentação de apenas 600 ou 700 metros – a pista do aeroporto de Congonhas em São Paulo, que é considerada pequena, tem 1.600 metros.
Aeronaves executivas mais baratas ultrapassam preço de R$ 1 milhão
Maior vendedora de jatos no Brasil, a Embraer afirma em relatório deste ano que empresários do agronegócio abocanham 13% dos 108 jatos vendidos da linha Phenom, a mais importante da empresa.
O relatório destaca o crescimento de 385% nas vendas dos últimos cinco anos para o Centro-Oeste, região com a economia baseada nas atividades agropecuárias.
Os principais produtos dessa linha da Embraer são os jatos Phenom 100 e Phenom 300, que custam US$ 4 milhões (cerca de R$ 9,6 milhões) e US$ 9 milhões (R$ 21,5 milhões), respectivamente.
Uma alternativa aos jatos utilizada pelos empresários do agronegócio são os monomotores. Apesar do alcance e velocidade menores, podem pousar com maior facilidade em pistas de terra.
Nesse segmento, o diretor-comercial da Pilatus Porter, David Worcman, destaca o monomotor Pilatus PC-6, que sai por US$ 2 milhões (cerca de R$ 4,8 milhões).
O modelo pode decolar e pousar em pistas de terra de apenas 200 metros de comprimento -- um Phenom 100, por exemplo, precisa de 900 metros para decolar e 823 metros para pousar numa pista pavimentada. Todos os bancos do PC-6 podem ser removidos e guardados na cauda, o que ajuda na hora de transportar cargas.
A marca Cirrus Aircraft oferece monomotores de menor preço. O modelo SR22 custa US$ 793 mil (cerca de R$ 1,9 milhão) e voa a até 343 km/h; já o SR20, menos potente, sai por US$ 483 mil (R$ 1,17 milhão) e voa a 287 km/h.
Segundo Sérgio Benedetti, que representa a empresa no Brasil, 35% dos 350 monomotores da Cirrus já vendidos no país foram para empresários ligados ao campo.
Agronegócio tem 15% de participação no mercado de helicópteros
Perto de 15% de todos os helicópteros Esquilo vendidos no país são utilizados por profissionais ligados ao campo. Segundo François Arnoud, vice-gerente de marketing da Helibras, fabricante do Esquilo, o modelo representa metade da frota de 2.000 helicópteros do país.
Com preço de US$ 3,2 milhões (cerca de R$ 7,7 milhões), o modelo da Helibras é também o mais utilizado pela Polícia Militar, rebatizado como Águia.
Produtores utilizam helicópteros para se locomover entre fazendas, que muitas vezes estão distantes de grandes aeroportos, ou para ir da cidade para o campo, numa velocidade que pode atingir até 259 km/h.
O sucesso da máquina, afirma Arnoud, está ligado à possibilidade de adaptações em sua configuração. "Ele é o único helicóptero que já pousou no Everest e enfrenta também os climas mais quentes e úmidos", diz.
Os três assentos traseiros do helicóptero podem ser levantados para liberar espaço para cargas. O Esquilo aguenta transportar até 1,4 tonelada, o suficiente para uma caixa d'água com capacidade para 1.400 litros, que pode ser carregada pelo lado de fora e esvaziada sobre focos de incêndio em plantações.
Com o tanque cheio, a aeronave pode voar 666 km sem necessidade de reabastecimento.
De acordo com o fabricante, 48% das peças do helicóptero são nacionais. Por isso, o empresário que compra um Esquilo pode usar uma linha de financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) que cobre 85% dos gastos. De 37 helicópteros vendidos pela Helibras no ano passado, 25 foram Esquilos.
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