Desde esta quinta-feira, a estrutura da Força Aérea Brasileira (FAB) no Rio Grande do Sul não é mais a mesma. Em solenidade realizada na Base Aérea de Canoas, a instituição desativou, pela manhã, o Quinto Comando Aéreo Regional (V Comar). No seu lugar, foi inaugurada a Ala 3, estrutura que fará o trabalho de coordenação operacional das unidades locais e de Porto Alegre. Já à tarde, Santa Maria teve sua base aérea desativada e transformada em Ala 4 — Ala é um termo utilizando mundialmente nesse setor.
As mudanças fazem parte de processo de reestruturação nacional, que busca ampliar a eficiência da instituição por meio de um plano de atualização e enxugamento de efetivo. Batizado de programa Força Aérea 100, terá seu ápice em 2041, ano em que a FAB completa seu centenário. Por isso, a Aeronáutica decidiu regionalizar o controle das operações. As Alas 3 e 4 foram a segunda e terceira das 15 Alas que serão criadas em todo o país. A primeira foi inaugurada em Natal, na semana passada.
— Esta nova estrutura não substitui as bases aéreas ou os comandos aéreos regionais, mas trata-se de uma nova visão, um novo conceito de gestão operacional — afirmou o comandante-geral de Operações Aéreas, tenente-brigadeiro-do-ar Gerson Nogueira Machado de Oliveira.
Na prática, o que muda é que as bases aéreas, batalhões e esquadrões sediados na região e na Capital passam a atuar segundo as orientações das Alas 3 e 4, e não mais de comandos localizados em Brasília e no Rio de Janeiro. Com a nova organização, a execução das tarefas fica com as Alas.
Em Canoas, a Ala 3 incorporará o Esquadrão Phoenix, que será transferido de Florianópolis. Além disso, com a desativação do V Comar, que atendia administrativamente Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, os processos serão regionalizados, focando apenas nas questões locais.
Conforme anunciado durante a solenidade da manhã desta quinta, a previsão é de que as questões burocráticas de desativação do V Comar e da base aérea de Canoas sejam concluídas até 31 de dezembro. Para 2 de fevereiro, está marcada a cerimônia oficial de recebimento do Esquadrão Phoenix.
A expectativa da instituição é de que, ainda no primeiro semestre de 2017, a Ala 3 já esteja atuando em missões conjuntas com as Forças Armadas. Quem ficará à frente dela será o comandante do V Comar, major-brigadeiro-do-ar Jeferson Domingues de Freitas.
Em Santa Maria, a nova Ala 4, tanto as atividades operacionais quanto as administrativas já estão em funcionamento e estão a cargo do coronel-aviador Clauco Fernando Rossetto.
Antes
- O V Comar tinha funções administrativas e de suporte. O RS contava também com área que cuidava da patrulha, outra dos helicópteros e outra dos aviões.
- Os esquadrões sediados na Região Sul respondiam, nas operações, aos comandos que ficam em Brasília e no Rio de Janeiro.
- A base aérea de Canoas contava com os modelos F-5EM e F-5FM, C-95M Bandeirante, C-98A Caravan, C-97 Brasília.
Agora
- A Ala 3 manterá a representação da Aeronáutica no Sul do país. Além disso, todos os esquadrões do Estado responderão operacionalmente ao comando da Ala 3.
- Composto por aeronaves P-95, o Esquadrão Phoenix será transferido até dezembro de Florianópolis para Canoas. A Ala 3 terá sete esquadrões, entre caças, aviões de patrulha e transporte, helicópteros e aeronaves remotamente pilotadas.
- As estruturas das bases de Canoas e Florianópolis ficam na Ala 3.
Santa Maria
Antes
- A base aérea de Santa Maria era composta por setores administrativos, com atividades relacionadas a licitações, contratos, convênios e finanças.
- Os esquadrões eram apenas sediados na base e ficavam subordinados aos comandos situados em Brasília e no Rio de Janeiro.
Agora
- A base de Santa Maria foi dividida em duas vertentes: a Ala 4 e o chamado Grupamento de Apoio de Santa Maria (GAP-SM), que já está em funcionamento, mas terá ativação formal em 2 de janeiro.
- A Ala 4 será responsável por treinar e empregar os esquadrões aéreos subordinados, de acordo com as diretrizes e os planos emitidos pelo Comando da Aeronáutica
- O GAP-SM, chefiado pelo tenente-coronel-aviador Hugo Zanoni Bastos de Siqueira, será o responsável pela concentração dos processos administrativos.
- Não haverá mudança física de esquadrões, diferentemente do que ocorre em Canoas. A Ala 4 operará aeronaves H-60L Black Hawk, A-1 (AMX), Hermes RQ-450 (Aeronave Remotamente Pilotada) e VC-98 Gran Caravan.
As principais ações do programa Força Aérea 100
- Entre os planos da FAB para os próximos 20 anos, está a redução do efetivo de carreira. A instituição prevê a redução de 25% do efetivo, realocando recursos para as operações.
- A instituição pretende ampliar a contratação de temporários, que ficam por até oito anos. No momento, cerca de 9,5% do efetivo de 75 mil pessoas é temporário. A medida corta despesas, já que os temporários não demandam gastos de transferência, residência e aposentadoria.
- Está prevista também a otimização dos processos, por meio da centralização administrativa. Esse processo já está sendo implementado com a inauguração das Alas.
- A FAB irá investir ainda no incremento de tecnologia da informação e a intensificação no uso de simuladores para redução nos custos de horas de voo, uso intensivo de tecnologia de ponta como aeronaves não tripuladas e satélites.
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