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Voo de risco passou pela Aeronáutica


Avião da LaMia que levou seleção argentina de BH a Buenos Aires teria combustível no limite, mas FAB liberou




A empresa aérea fretava voos para diversas equipes esportivas
PUBLICADO EM 07/12/16 - 03h00

ANA PAULA PEDROSA

O voo que levou a seleção da Argentina de Belo Horizonte para Buenos Aires em 11 de novembro, um dia depois do amistoso contra o Brasil, chegou ao destino no limite do combustível. Caso acontecesse algum imprevisto, a aeronave Avro RJ85, da boliviana LaMia, só conseguiria voar mais 18 minutos, contrariando regras internacionais de segurança na aviação. O avião era o mesmo que transportava a delegação da Chapecoense e jornalistas e que caiu deixando 71 mortos na semana passada. A falta de combustível é apontada como a causa provável do desastre.

No caso do voo que partiu do aeroporto de Confins, uma das hipóteses é que a empresa não tenha seguido o plano de voo apresentado. A operação foi liberada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), e o plano de voo foi aprovado pela Aeronáutica.

O coordenador do curso de engenharia aeronáutica da Fumec, Rogério Botelho Parra, acredita que a LaMia tenha apresentado um plano diferente do que foi executado. “Esse plano (voo direto para Buenos Aires) não seria autorizado de jeito nenhum. Com certeza, teria que ter uma escala”, diz. Outra hipótese levantada por ele é que tenha sido informada uma autonomia da aeronave superior à real. Ele explica que as informações prestadas não são checadas. “O piloto ou a empresa têm autoridade para informar a autonomia”, explica.

Segundo Parra, normas internacionais, que são seguidas tanto pelo Brasil quanto pela Argentina, determinam que o avião tenha combustível suficiente para chegar ao destino, voar para um aeroporto alternativo e ainda ficar mais 45 minutos no ar. A conta total seria de cerca de uma hora e meia de autonomia além do necessário para o trajeto.

De acordo com reportagem publicada nessa terça-feira (6) pela “Folha de S. Paulo”, o voo de Belo Horizonte a Buenos Aires durou 4 horas e 4 minutos. A autonomia do avião era de 4 horas e 22 minutos. A imprensa argentina também já havia divulgado que o avião pousara com combustível restante para apenas mais 15 minutos no ar.

Por e-mail, a Aeronáutica informou que não viu problemas no plano de voo. “O plano de voo da empresa LaMia, matrícula CP2933, entre Belo Horizonte e Buenos Aires, foi aceito pelo órgão de controle de tráfego aéreo, pois estava coerente do ponto de vista da navegação aérea”, diz o texto enviado a O TEMPO.

A Aeronáutica, porém, não divulga qual foi o plano de voo apresentado e aprovado, nem confirma se o combustível poderia ser insuficiente no caso de algum imprevisto. “O tempo estimado em rota era suficiente para chegar ao destino, conforme autonomia declarada pelo piloto”, afirma o texto. Também no e-mail, a Aeronáutica diz que “os requisitos que determinam a necessidade de combustível para que as aeronaves civis operem no Brasil são definidos pela Autoridade de Aviação Civil”.

A autoridade mencionada é a Anac. O órgão informa que aprovou o voo “administrativamente, pois a documentação da empresa e da aeronave” atendiam às exigências. A agência reguladora diz que a autonomia “compete ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), da Aeronáutica, aprovar”.

A Anac diz ainda que “tendo em vista que a Argentina foi o primeiro país que a empresa embarcou passageiros”, coube ao país vizinho liberar o fretamento pela LaMia. “Quem avaliou se o voo feria algum acordo internacional foi a autoridade argentina”, diz. No caso da Chapecoense, a Anac não liberou a partida do fretamento do Brasil, alegando que a empresa contratada teria que ser do país de origem (Brasil) ou de destino (Colômbia).
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