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Crise reduz voos para o exterior; decolagens para os EUA caem 15%


A recessão, que atingiu o poder de compra do viajante brasileiro, levou a aviação comercia a perder quase 1.500 voos do país para o exterior entre 2013 e 2016.

O Brasil fechou o ano passado com quase 63 mil decolagens depois que as companhias aéreas brasileiras e estrangeiras foram obrigadas a diminuir sua oferta de assentos para se readequar à demanda retraída.

O ajuste, no entanto, não foi uniforme porque nem todos os destinos sofreram com a mesma intensidade.

Uma das viagens preferidas pelos brasileiros, os Estados Unidos tiveram uma redução de cerca de 15% no número de decolagens realizadas no período a partir daqui, para pouco mais de 11 mil voos, segundo levantamento feito pela Folha com base em dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

"A Flórida costuma ser a primeira viagem dos que emergem à classe de consumo de voo internacional. Por isso o mercado americano avançou tanto no passado, durante o boom de crescimento do país", afirma André Castellini, sócio da Bain Company.

"Mas, com a desvalorização do real, esse público também foi o primeiro a sair do mercado", afirma.


Já para a Europa, a redução do número de voos internacionais foi menos drástica, de apenas 2% nos últimos três anos, permanecendo em torno de 12 mil em 2016.

Para Adalberto Febeliano, professor de economia do transporte aéreo, a disparidade das quedas se deve ao perfil de cada mercado.

Enquanto nos EUA é maior a disponibilidade de companhias para disputar os mesmos passageiros em rotas semelhantes, na Europa cada uma das grandes empresas tradicionais tem rotas e públicos muito específicos.

Febeliano afirma que o executivo francês não quer viajar de Paris até São Paulo fazendo escala em Frankfurt, assim como o alemão também prefere fazer um voo direto. Como cada empresa de diferente nacionalidade tem sua própria rota, há menos margem para restringir voos.

"A queda para a Europa foi menor porque essas companhias relutam em tirar o Brasil do mapa. E, para conseguir o tráfego de passageiros de negócios, tem que ter voo diário. O que algumas já fizeram foi deixar de ter dois voos por dia para ter só um";, afirma Febeliano.

Com foco no passageiro de lazer, que é mais sensível a preços baixos, a Air Europa elevou sua presença no Brasil nos últimos anos, a despeito da crise.

Segundo Luís Sobrinho, gerente-geral da Air Europa na Brasil, o câmbio atualmente favorece as viagens ao continente europeu, em detrimento dos EUA.

A diferença entre o euro e o dólar já não é tão grande. A viagem à Europa deixou de ser mais cara", diz Sobrinho.

Entre os destinos que ganharam espaço estão os de maior custo-benefício, como Américas Central e do Sul, que, juntos, ganharam mais de 450 voos partindo do Brasil entre 2013 e 2016.

Decolagem

Os dados fechados de 2016 da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) apontam que, no ano, as companhias brasileiras e estrangeiras registraram uma queda de mais de 7% na oferta, diante de um recuo de quase 4% na demanda.

Esse cenário de redução generalizada na oferta, com cortes de frequência de voos e a interrupção de algumas rotas internacionais realizados por empresas aéreas estrangeiras no ano passado, até certo ponto, favoreceram empresas brasileiras, que conseguiram retomar alguma participação de mercado a partir do quarto trimestre, segundo Maurício Emboaba, diretor técnico da Abear.

"Isso parece estar continuando em 2017 e explica os crescimentos de demanda apurados nos últimos meses. As brasileiras estão ganhando terreno em um mercado que tem diminuído de tamanho", segundo Emboaba.

A participação de mercado das brasileiras passou de 25,2% do total da demanda internacional em 2015 para 26,2% em 2016. Elas completaram em janeiro uma sequência de quatro altas consecutivas da demanda.

O receio, porém, persiste. A Latam Airlines diz que o grupo "continua conservador na oferta de voos a partir do Brasil, onde o contexto macroeconômico segue complexo".


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