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Economia mais forte faz frota de helicópteros crescer 58,6%





Nos últimos dez anos, a frota de helicópteros do Brasil cresceu 58,6%, um ritmo três vezes maior do que a frota de aeronaves em geral, que aumentou 18,7%. Em 1999, eles eram 791 no país e respondiam por 7% de toda a frota. Em 2009, chegaram a 1.255 e elevaram sua participação para 10%, segundo dados da Agência Nacional da Aviação Civil (Anac) até junho.
Para o piloto Enrico Benedetti, que trabalha no ramo há 25 anos, quem fez o mercado de helicópteros voar mais alto foi a estabilidade econômica. "Nesse período, o Brasil deu uma boa crescida que permitiu que empresários investissem mais", destaca.
Segundo ele, essa estabilidade viabilizou uma mudança na mentalidade dos empresários, ou melhor, nas gerações dos herdeiros. "Percebo que quem compra mais helicópteros são as novas gerações de empresários, que perceberam que é mais prático do que avião. É possível decolar do centro da cidade, por exemplo. Essa geração também está mais aberta a investir", analisa.Benedetti trabalha para a Helimed, que faz UTI aérea, e tem uma empresa particular, que faz serviço de táxi aéreo. Está em Belo Horizonte há 18 anos. Segundo ele, o perfil do público mineiro ainda é diferente. "Em São Paulo, os empresários usam mais como transporte executivo. Aqui em Minas Gerais é mais procurado para lazer, levar para uma fazenda, por exemplo", comenta.
Entretanto, a demanda na capital mineira tem crescido num ritmo mais acentuado. Segundo a Anac, até junho do ano passado já eram 124 helicópteros. O crescimento, portanto, corre o risco de esbarrar em falta de helipontos, que não são tantos na cidade. Além dos aeroportos da Pampulha e de Confins, há alguns conhecidos como o Viganó, na Raja Gabaglia, no Belvedere, e em alguns hospitais como Lifecenter, Materdei e Biocor.
Negócio. Benedetti vai apostar na defasagem de infraestrutura para diversificar os negócios. Ele e um sócio estão investindo na construção de um centro com heliporto e suporte técnico para helicópteros, na saída para o Rio de Janeiro. A expectativa é inaugurar em agosto. "É muito complicado depender de aeroportos para pousar, a liberação demora e, além de perdermos tempo, ainda têm os custos com combustível".

FOTO: Fotos Alisson Gontijo

Expansão. A Helit, de manutenção, começou em 2000 só com os sócios; hoje, tem 35 funcionários
Fotos Alisson Gontijo
Expansão. A Helit, de manutenção, começou em 2000 só com os sócios; hoje, tem 35 funcionários
Nas alturas.
Vendas até maio superam 2009 inteiro
Helibras já vendeu 21 aeronaves, 50% a mais que em todo o ano passado
QUEILA ARIADNE
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) ainda não divulgou os números fechados de vendas de aeronaves de 2009. Mas já é possível afirmar que 2010 será um ano recorde para o setor. Em cinco meses, a Helibras, única fabricante brasileira de helicópteros - com fábrica em Itajubá, Sul de Minas - já vendeu 50% a mais do que em todo o ano passado. De janeiro a maio, a empresa comercializou 21 helicópteros no Brasil, contra 14 de janeiro a dezembro de 2009.
"As vendas, no ano passado, refletiram a crise econômica mundial, como em outros segmentos da economia", afirma Julien Negrel, diretor comercial da Helibras. Segundo ele, a venda de 50 helicópteros EC725 para as Forças Armadas não está incluída nessa estatística, por ser um projeto que envolve, entre outras coisas, a construção de um hangar específico para a sua fabricação.
A concretização de negócios feitos em anos anteriores também acena para um novo recorde. A expectativa da Helibras é de entregar 41 helicópteros novos até dezembro, contra 31 entregas feitas em 2009.
Outro indicativo de recorde para o setor é a procura por aulas de pilotagem. A pedagoga do centro de formação de pilotos de helicópteros Efai, Anísia Fabrício de Moura, conta que, até 31 de maio, o número de horas voadas totalizou 1.024 horas. "É praticamente o volume de 1.108 horas em todo o ano de 2009", compara.
Atualmente a Efai tem 33 alunos, sendo metade civis e metade da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. "Sempre tivemos muitos alunos policiais, mas a procura por cursos dos chamados particulares tem crescido mais, acredito que tenha subido 100%. São pessoas que querem pilotar os próprios helicópteros ou trabalhar como piloto comercial", afirma Anísia.
Além de Minas Gerais, a Efai tem demanda de outros Estados e até de outros países. "Em fevereiro, formamos seis oficiais da polícia de Angola para piloto comercial e voos por instrumento; em agosto, vamos receber dez", destaca Anísia.
Indicativos de um ano recorde para o setor de helicópteros
50% é quanto a Helibras já vendeu a mais neste ano, em relação a 2009 todo
32% é o aumento esperado para a entrega de aeronaves vendidas em anos anteriores
92% do total de horas de voo realizadas na Efai em 2009 já foram feitas neste ano

Sucesso. De aluno, Roger virou instrutor e hoje pilota helicóptero de rádio duas vezes por dia
Sucesso. De aluno, Roger virou instrutor e hoje pilota helicóptero de rádio duas vezes por dia
Helit investe em táxi aéreo
Quando entrou no mercado, em 2000, a empresa mineira especializada em manutenção de helicópteros Helit tinha seis funcionários, que eram os próprios sócios. Eles administravam e executavam o serviço. Hoje, dez anos depois, tem 35 empregados, sendo 13 só na área de mecânica.
O negócio acompanhou o crescimento da aviação executiva e está prestes a ser ampliado. No segundo semestre, a Helit vai começar a atuar no ramo de táxi aéreo e, no ano que vem, vai inaugurar um helicentro ao lado do Centro Administrativo, na Linha Verde.
O gerente comercial da Helit, Alfredo de Rezende Castanheiro, conta que a ideia já vem sendo trabalhada há dois anos e surgiu exatamente devido à demanda crescente por esse serviço em Belo Horizonte. “Estamos com tudo encaminhado para começar a operar com táxi aéreo, só estamos aguardando a liberação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o que deve acontecer logo”, destaca Castanheiro.
A operação com táxi aéreo vai começar no próprio hangar da Helit, que funciona no Aeroporto Carlos Prates. Depois, adianta Castanheiro, será transferida para o helicentro, que terá público garantido de empresários e políticos que vierem a Belo Horizonte para reuniões com o governo, por exemplo. (QA)
“Nesse ritmo, vai faltar piloto”


A carreira do piloto Roger Batista Cordeiro, 41, decolou com o “boom” do mercado de helicópteros. De aluno, ele virou instrutor da Efai, num momento em que a escola tem muito mais alunos. Além desse trabalho, duas vezes por dia ele pilota o helicóptero da Band News FM.
O setor vive um momento de crescimento que não tem mais volta, ainda mais com a demanda de helicópteros para o projeto do pré-sal. Nesse ritmo, vão faltar pilotos”, afirma Cordeiro.
Segundo ele, entre aulas teóricas e práticas, é possível se formar em um ano. A questão é que, como o curso é caro, nem todos os alunos conseguem fazer aulas ininterruptamente.
O curso de piloto comercial, para trabalhar guiando aeronaves, custa cerca de R$ 80 mil. Já o para piloto privado, feito por quem vai pilotar o próprio helicóptero, custa cerca de R$ 30 mil.
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