Estudo será enviado à Infraero e visa favorecer venda de Confins
Publicação: 02/09/2013 06:00 Atualização: 02/09/2013 07:34
Passageiros aguardam no saguão do terminal aéreo às margens da lagoa. Definição pode atrair um polo de empresas de manutenção de aeronaves para a região |
A Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico e a Prefeitura de Belo Horizonte devem entregar no mês que vem à Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) o plano de desenvolvimento que deve direcionar os rumos do Aeroporto Carlos Drummond de Andrade, na Pampulha, pelos próximos anos. A proposta é permitir que ele foque na aviação executiva e regional, deixando para o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, os voos interestaduais e internacionais. O estudo, elaborado pela empresa de consultoria KED Consultantes, é usado como argumento do governo estadual para incentivar as empresas a participar do leilão de privatização de Confins. Elas estariam receosas por não saber ao certo o que seria feito do terminal da Pampulha.
Pelo estudo, o aeroporto teria capacidade para receber mais de 300 jatos executivos, fortalecendo a aviação executiva, inclusive com a criação de uma aduana para controle da entrada e saída de mercadorias de voos internacionais. Segundo estimativa, somente o setor de manutenção de aeronaves seria capaz de gerar aproximadamente 3 mil vagas de emprego. “Queremos estimular fortemente a aviação executiva. É um projeto para fortalecer a nova centralidade do contorno da Pampulha”, afirma o subsecretário de Investimentos Estratégicos da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Luiz Antônio Athayde.
O governo estadual quer ainda que a Pampulha funcione como um terminal complementar ao aeroporto de Confins para permitir que até 2016 sejam 30 cidades mineiras com voos regulares para a capital. O masterplan para o aeroporto inclui também o que está previsto para o desenvolvimento da região situada a até 10 minutos do terminal. O planejamento assemelha-se ao que é feito pelo governo estadual na formação da aerotrópolis (cidade-aeroporto), tendo Confins como eixo principal.
NOVOS RUMOS Nas audiências públicas presenciais para discutir a minuta do edital de concessão de Confins e do Galeão, os representantes da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República foram incisivos em afirmar que o contrato não pode determinar os rumos da Pampulha e de outros terminais. “O estudo influencia fortemente o Aeroporto Internacional Tancredo Neves para mostrar que não há concorrência com a Pampulha. Não há uma concorrência predatória entre ambos”, afirma o subsecretário.
Antes de terem sido estabelecidas as restrições, o Aeroporto Carlos Drummond de Andrade tinha fluxo bem superior. Em 2004, foram 3,2 milhões de passageiros, enquanto no ano passado o número de passageiros representou menos de um quarto desse total: 774,88 mil. Já no aeroporto de Confins os números foram inversos: saíram de 388,58 mil em 2004 para 10,39 milhões de passageiros transportados em 2012.
Segundo a Infraero, atualmente, o aeroporto da Pampulha tem 62 voos por dia de segunda a sexta-feira; 27 aos sábados e 26 aos domingos. Do total, 17 são para cidades em estados vizinhos (Cabo Frio, no Rio de Janeiro; Guarulhos, Campinas e Ribeirão Preto, em São Paulo). Além disso, são sete ligações com cidades mineiras (Araxá, Governador Valadares, Ipatinga, Uberlândia, Uberaba, Montes Claros e Patos de Minas).
Passageiros apreensivos com mudança prevista
Entre os consumidores, a maioria com negócios – ou família – na Região Central de Belo Horizonte prefere fazer voos pelo aeroporto da Pampulha. “O aeroporto da Pampulha deveria ter mais opções de voos para São Paulo e Rio de Janeiro. Se tirar os voos interestaduais de lá vai ser muito ruim, vai complicar para a gente”, afirma Robson Pinheiro, terapeuta e autor de livros. Ele e o consultor William Martins viajam semanalmente para outros estados, como São Paulo, e para as regiões Nordeste e Sul do país.
Eles costumam viajar da Pampulha para Guarulhos (SP). Mas a volta é feita via aeroporto de Confins. “Só voltamos por Confins porque não há outra opção. Mas não dá para ficar refém do aeroporto, que é muito longe, falta vaga no estacionamento e o táxi custa entre R$ 100 e R$ 120 até o Centro da capital”, ressalta Pinheiro.
O empresário Ricardo César Menossi mora em São Paulo e vem a Belo Horizonte a cada duas semanas de avião. Ele só usa o aeroporto da Pampulha nos voos para Campinas (SP). “Já usei o aeroporto de Confins, mas lá é muito longe. Aqui fica perto das empresas que tenho que visitar”, diz. Se os voos interestaduais saírem da Pampulha, diz, sua logística vai complicar. “De Campinas eu vou para o interior de São Paulo. Acho o contrário, que deveria ter mais voos da Pampulha direto para São Paulo”, diz.
Supervisora de vendas, Roberta Oliveira vê ganho de tempo |
Saiba mais...
O setor da aviação em Minas mantém a polêmica dos voos há quase 10 anos, quando o aeroporto da Pampulha foi fechado para voos com aeronaves com capacidade acima de 50 assentos. Com a limitação, grandes companhias aéreas concentraram suas operações em Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), dividindo a opinião da população entre a comodidade de um aeroporto distante apenas oito quilômetros do Centro da cidade, porém insuportavelmente cheio (na época), e a viagem de 40 quilômetros até um aeroporto em outro município, que apesar de bem mais distante, oferece mais conforto e segurança aos usuários. O terminal da capital já passava por grandes problemas desde o fechamento, por questões meteorológicas, como alagamentos em períodos de chuvas. Enquanto isso, o aeroporto de Confins estava praticamente deserto e era conhecido como um “elefante branco”.
0 comentários:
Postar um comentário