Welter Mesquita Vaz. Tecnologia do Blogger.

Aeroporto da Pampulha pode ser liberado já no mês de abril


De um lado, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), representantes do comércio, passageiros, taxistas e aeroviários defendem a volta dos voos regulares para o aeroporto da Pampulha. Do outro, os administradores do terminal de Confins e os moradores da região lutam para impedir esse retorno. Ontem, os dois grupos se encontraram em audiência pública promovida na Câmara Municipal, e a briga foi acirrada. Mas quem vai resolver esse impasse é a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), e, de acordo com o superintendente de gestão operacional da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), Marçal Goulart, tudo indica que a liberação dos voos no Pampulha deve acontecer em abril.

“Já cumprimos as exigências, investimos na melhoria da infraestrutura e estamos aptos para voltar a operar. A Anac pediu documentos complementares de avaliação de risco dos operadores, que já estão sendo finalizados. Tão logo forem entregues, a liberação já entra na pauta de reunião da diretoria colegiada”, explica Goulart. Segundo ele, após a autorização, ainda serão necessários de três a quatro meses para a preparação final, aprovação dos voos e organização da malha aérea.

A proposta da Infraero é voltar a operar com até três voos por hora, funcionando entre 6h e 22h ou, no máximo, até as 23h. Desde 2005, quando os voos regulares foram transferidos para Confins, o terminal só tem autorização para receber aeronaves do modelo ATR (de até 72 lugares. A autorização aguardada é para liberar aviões de grande porte.

Representantes das associações de moradores da Pampulha temem o barulho e a falta de segurança. “O aeroporto da Pampulha não tem corredor de tráfego nem barreira de contenção de ruído”, ressalta Carlos Conrado, da associação Pro-Civitas. Segundo ele, além do barulho, o impacto com a poluição também preocupa. “Só funcionaria após grandes investimentos em infraestrutura e com definição rigorosa dos horários. Em Congonhas (SP), por exemplo, só tem operação até 22h”, pondera. Representantes da Infraero destacam que as aeronaves se modernizaram e não emitem mais tanto ruído.

De acordo com Goulart, Pampulha tem condições de realizar até 155 pousos e decolagens por semana, atingindo 2,2 milhões de passageiros por ano. A possibilidade assusta a BH Airport, que ganhou a concessão para administrar Confins e teme o esvaziamento do aeroporto internacional.

“Devemos lembrar que não haverá geração de novos voos, mas sim transferência de Confins para Pampulha. Isso vai beneficiar um grupo de poucos executivos que viajam a negócios e têm suas passagens pagas pela empresa, em detrimento da população, que vai ter que arcar com bilhetes mais caros”, pontua o diretor de infraestrutura da BH Airport, Adriano Pinho. Ele ressalta ainda que, no momento, não há espaço para dois aeroportos na capital. “Confins vai perder conexões, pois, se o passageiro que vem do interior tiver que descer na Pampulha, pegar um ônibus e depois vir para Confins para atingir seu destino nacional ou internacional, vai preferir ir para Guarulhos, por exemplo”, afirma Pinho.

Hoje, Confins tem capacidade para 22 milhões de passageiros e recebeu 9,6 milhões em 2016. Pampulha comporta 2,2 milhões, mas recebeu 244 mil. A ociosidade do terminal já rendeu um prejuízo de R$ 100 milhões nos últimos cinco anos. “Só no ano passado, investimos R$ 2,5 milhões, mas acumulamos perdas de R$ 29 milhões”, diz Goulart.

ENQUETE

O que você acha da retomada de voos com aeronaves de grande porte na Pampulha?

A FAVOR: 61,2%
CONTRA: 38,8%
* 152 participantes

Na audiência pública

A favor: “Não podemos deixar o interesse de um grupo prevalecer sobre os interesses de Belo Horizonte.” (José Aparecido Ribeiro/ ABIH)

Contra: “Só vai beneficiar a poucos executivos, em detrimento da população, que pagará mais caro pelas passagens.” (Adriano Pinho/ BH Airport)

PBH luta pela retomada das operações

Em fevereiro deste ano, o prefeito Alexandre Kalil (PHS) publicou em sua conta no Twitter: “Precisamos reativar o aeroporto da Pampulha – Carlos Drummond de Andrade. Vamos lutar por isso”. A luta já começou. Ontem, durante audiência pública promovida pela Comissão de Desenvolvimento e Transporte da Câmara Municipal, o secretário de Desenvolvimento Econômico da PBH, Daniel Nepomuceno, defendeu a importância da reativação dos voos na Pampulha para viabilização de negócios na capital e geração de empregos.

“A intenção da prefeitura é que todos ganhem. Não se escolhe entre dois filhos, mas se protegem os dois, tanto Pampulha como Confins. Eles têm que ser complementares”, diz.
Segundo ele, também é preciso investir na melhoria do acesso ao aeroporto de Confins. “Temos que buscar recursos para resolver o problema da conectividade”, afirma o secretário. (QA)

Na torcida

Hotéis e restaurantes são a favor

Debate na Câmara Municipal sobre volta do Pampulha foi acirrado
A hotelaria de Belo Horizonte viveu o pior mês de março da história do setor. Segundo o diretor da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-MG), José Aparecido Ribeiro, a taxa de ocupação foi de apenas 32%. “Esse percentual não dá nem para pagar as contas. Infelizmente, vai ter muita gente sendo demitida no próximo mês”, diz.

De acordo Ribeiro, que é representante da Associação Comercial (AC Minas), a volta dos voos para o Pampulha é essencial para manter o setor. “Já ouvi várias vezes de empresas que não é viável realizar reuniões em Belo Horizonte, devido ao alto custo com táxi para Confins, além do tempo até o aeroporto, e isso explica nossa baixa ocupação. Se Pampulha voltar, todos saem ganhando com o movimento na cidade, até mesmo Confins”, afirma.

Em nome da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Ivo Faria ressaltou que Belo Horizonte está órfão de grandes escritórios empresariais e disse que o retorno dos voos no aeroporto da Pampulha será muito bem-vindo. “Os escritórios de mineradoras e construtoras já deixaram Belo Horizonte, que tinha cerca de 50 restaurantes à la carte, mas hoje tem no máximo sete. O que mais emprega na cidade são restaurantes e hotéis”, destaca.

“Hoje, a cidade não vende nenhum produto para o Brasil, a não ser o futebol. Se ganharmos mais um ponto de descida na capital, a situação vai melhorar muito”, defendeu Faria. (QA).

Compartilhar no Google Plus

Sobre RADAR AEREO

Notícias, radar e escuta ao vivo, matérias e cobertura de eventos aeronáuticos.
    Comentar - Blogger
    Comentar - Facebook

0 comentários:

Postar um comentário