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Video: Funcionário faz voos rasantes para homenagear empresa e tem brevê apreendido

 

Qui 22/6/2017 - Um funcionário da fábrica automotiva Hutchinson deve prestar esclarecimentos à Polícia Civil de Casa Branca (SP) nesta quarta-feira (21) após sobrevoar a fábrica e assustar os colegas na tarde de terça-feira (20). O alarme do prédio chegou a disparar e as atividades ficaram paralisadas por 1 hora. Veja os voos no vídeo acima.

De acordo com o gerente da planta, o trabalhador foi contratado no último dia 8 e disse que queria fazer uma "homenagem" para a empresa, que contava com cerca de 420 pessoas no momento dos voos e ficou paralisada durante uma hora.

Risco

"É um risco muito grande, você vê pelas imagens a proximidade com o galpão da empresa. Não conseguir recuperar o avião é muito fácil, então poderia realmente ter ocorrido uma tragédia", disse o delegado seccional, Carlos Alberto Fiuza.

O gerente da fábrica, Ulisses Leandro Lanfredi, relatou que foram dois voos. "Por volta de meio-dia, o avião passou três ou quatro vezes. Depois, às 14h20, voltou e começou a fazer as manobras. Às 14h36, acionamos a sirene por causa do pânico dentro da fábrica, o pessoal com medo, se escondendo, tentando se abrigar em algum lugar porque tem muito equipamento, se acontecesse alguma coisa teria explosão, e às 15h08 ele foi embora".

Lanfredi contou que havia uma pessoa junto com o operador de produção, mas esse indivíduo não foi reconhecido, e que nos dois voos foi usado o mesmo avião. De acordo com a polícia, a aeronave foi alugada no aeroclube de São João da Boa Vista.

O gerente relatou ainda que, após os voos, o funcionário voltou para a fábrica, mas estava alterado e não conseguia dar muitas informações. "O que ele passou foi que queria fazer uma homenagem para a empresa".

Funcionário fica em silêncio em delegacia e tem licença para pilotar apreendida

O operador de produção compareceu à delegacia da cidade nesta quarta-feira (21). Ele optou por permanecer em silêncio e teve a licença para pilotar apreendida.

"Ele foi indiciado, teve o brevê apreendido e está incurso nos artigos do Código Penal, no 132, que é expor a vida a perigo, com pena de até um ano, e também no artigo 261 do Código Penal [expor a perigo embarcação ou aeronave], com pena prevista de até cinco anos", disse a delegada Stela de Fátima Cardoso.

Ela afirmou que a licença será analisada pela Agência Nacional de Aviação Civil, que definirá se o documento será cassado. Disse ainda que o homem de 27 anos optou por ser interrogado apenas em juízo, uma opção prevista na lei, e foi liberado.

"Não fica preso porque não houve um flagrante, uma vez que a aeronave era de São João da Boa Vista e não aportou no município de Casa Branca".

Funcionário pede demissão

O operador de produção pediu demissão na tarde de quarta-feira (21). Ele foi indiciado pela polícia por dois crimes e teve a licença para pilotar apreendida. A Agência Nacional de Aviação (Anac) já recebeu a denúncia e apura o caso.

Em nota, a diretoria da empresa informou que adotou as medidas de segurança porque o sobrevoo foi feito em altitude incompatível.

"Errei sim"

Ivan Eggers Bacci, de 27 anos, alugou o avião no aeroclube de São João da Boa Vista. Ele tinha começado a trabalhar na fábrica há poucos dias e, segundo o gerente da empresa, queria fazer uma "homenagem". Na entrada da empresa, disse que não daria nenhuma informação por orientação do advogado.

No perfil dele no Facebook, que foi desativado durante a tarde, o rapaz disse que não tinha intenção de jogar o avião em cima da empresa e nem de causar pânico entre os funcionários. “Quem me conhece de verdade sabe disso, agora quem não conhece fica dizendo coisas que não condizem, mais uma vez, errei sim. (...) Quem nunca errou que atire a primeira pedra”, postou.

Manobras foram irregulares, diz especialista da USP

O piloto de avião e instrutor de voo Varderlei Soyza Adão disse que a manobra feita por Ivan é permitida. "É padrão, todos os aviadores conhecem muito bem essa manobra. É uma manobra de aproximação com simulação de motor parado. Realmente a mãe terra puxa, então você perde altura, aproxima perigosamente do solo, mas aquele região é de tráfego aeródromo", afirmou.

Mas o chefe do departamento de engenharia aeronáutica da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos, Fernando Catalano, contesta e diz que o piloto só pode estar em baixa altitude para decolar ou aterrissar.

"A Anac estabelece que a altitude mínima em áreas povoadas ou não densamente povodas é acima de 1 mil pés, que é em torno de 380 metros", disse.

“Em uma região habitada, que tinha uma fábrica embaixo, esse avião poderia colidir com o solo, com a fábrica, matar as pessoas no solo. Foi um risco muito, mas muito grande, que talvez ele não tenha noção disso. Isso é passível de ter as penas, ou a licença dele ser cancelada e ele receber uma multa de até R$ 50 mil”, disse Catalano.



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